Por Dra Vera Lúcia Ângelo de Andrade, Médica Gastroenterologista, MSc, PhD
Profa Laís Cristina Almeida, Ft, Psic, MSc, ESP, DO
Constipação intestinal é uma disfunção gastrointestinal caracterizada pela dificuldade na defecação, seja pela necessidade de esforço e/ou diminuição na frequência das evacuações. Devido a sua alta prevalência é considerada um problema de saúde pública. É uma condição multifatorial, mas os mecanismos fisiopatológicos ainda não estão totalmente elucidados, o que dificulta a abordagem terapêutica.
A constipação primária está relacionada a desordens funcionais como hábitos dietéticos inadequados, sedentarismo, baixo nível socioeconômico e alterações psicológicas. A secundária está relacionada a doenças endócrinas e neurológicas. Distúrbios de evacuação associados a contração paradoxal ou espasmo involuntário do esfíncter anal, pode ocorrer por transtorno adquirido do comportamento defecatório. Pode ainda ser iatrogênica pelo uso prolongado e exagerado de laxantes, anti-inflamatórios não esteroides, psicotrópicos, anticolinérgicos, dopaminérgicos, dentre outros.
O diagnóstico baseia-se em detalhada anamnese e exame físico. Clinicamente a constipação intestinal é definida pelos critérios clínicos estabelecidos pelo Consenso de Roma IV, conforme quadro abaixo:
Exames complementares como de imagem (enema opaco, ultrassom e tomografia de abdome), colonoscopia e exames laboratoriais (tireoide, chagas etc.) poderão ser solicitados. Pacientes com ptose do cólon transverso têm maior risco de apresentarem constipação crônica.
O tratamento da obstipação visa a normalização da motilidade gastrointestinal com regularização do hábito intestinal e consequente alívio dos sintomas. O tratamento deve ser individualizado, considerando, inicialmente, orientações comportamentais, incluindo maior ingestão de fibras, redução de industrializados, aumentar ingestão hídrica e praticar exercícios físicos. Em casos onde não houver melhora com estas mudanças comportamentais, intervenções farmacológicas ou terapias complementares, como a osteopatia, podem ser indicadas. Em casos excepcionais e graves, o tratamento cirúrgico é indicado.
O tratamento osteopático têm sido aplicado na constipação crônica, tendo como objetivo a melhora do funcionamento do intestino, atuando no tônus do músculo liso e na mobilidade visceral.
A estimulação simpática e parassimpática apresenta efeitos opostos sobre o trato gastrointestinal, a parassimpática aumenta a atividade gastrointestinal, estimulando o aumento do tônus muscular e do peristaltismo e a diminuição do tônus dos esfíncteres gastrintestinais. Por outro lado, a estimulação simpática diminui a atividade gastrointestinal, inibindo o peristaltismo, reduzindo o tônus da parede intestinal e, ao mesmo tempo, provocando a contração dos esfíncteres.
Na constipação intestinal manobras viscerais proporcionam alteração da pressão intra-abdominal, aumento do peristaltismo intestinal com redução do tempo de trânsito colônico, aumento da microcirculação local, mobilização dos gases, proporcionando a sua eliminação, além do estímulo de mobilização do bolo fecal ao longo do intestino grosso, facilitando assim a evacuação.
A osteopatia surge como tratamento complementar para a constipação intestinal, melhorando o tempo de trânsito colônico, a motilidade intestinal e a qualidade de vida dos pacientes, ao levar a melhora dos sintomas.
ANDRADE, V.L.A. Efetividade da osteopatia na constipação refratária por ptose do cólon transverso. Disponível em: <https://nuvemmedicina.com.br/efetividade-da-osteopatia-na-constipacao-refrataria-por-ptose-do-colon-transverso/>. Acesso em: novembro, 2021.
ANDRADE, V.L.A. et al. Avaliação topográfica do cólon transverso pelo enema opaco: definição, prevalência e proposta de classificação da ptose do cólon transverso. GED gastroenterol. endosc. dig , n. 33, v. 3, p. 83-87, 2014.
ANDRADE, V.L.A. et al. Efetividade do tratamento osteopático na constipação intestinal: uma revisão sistemática. GED gastroenterol. endosc. dig ; n. 36, v, 2, p. 68-74, Abr.-Jun, 2017.
Graduação em Medicina pela UFMG em 1989 • Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek • Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia • Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Mestre e Doutora em Ciências com concentração em Patologia pela UFMG • Professora convidada do curso de pós graduação em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo e da Escola Brasileira de Osteopatia Belo Horizonte, Minas Gerais • Responsável pelo Setor de Motilidade da Clínica NUVEM BH http://lattes.cnpq.br/0589625731703512
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