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Falando Sobre Constipação Intestinal: Gastroenterologia e Osteopatia

27 de janeiro de 2022
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OSTEOPATIA NA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL REFRATÁRIA

 Por Dra Vera Lúcia Ângelo de Andrade, Médica Gastroenterologista, MSc, PhD

Profa Laís Cristina Almeida, Ft, Psic, MSc, ESP, DO

 

Definição e Diagnóstico da Constipação Intestinal

Constipação intestinal é uma disfunção gastrointestinal caracterizada pela dificuldade na defecação, seja pela necessidade de esforço e/ou diminuição na frequência das evacuações.  Devido a sua alta prevalência é considerada um problema de saúde pública.  É uma condição multifatorial, mas os mecanismos fisiopatológicos ainda não estão totalmente elucidados, o que dificulta a abordagem terapêutica.

A constipação primária está relacionada a desordens funcionais como hábitos dietéticos inadequados, sedentarismo, baixo nível socioeconômico e alterações psicológicas. A secundária está relacionada a doenças endócrinas e neurológicas. Distúrbios de evacuação associados a contração paradoxal ou espasmo involuntário do esfíncter anal, pode ocorrer por transtorno adquirido do comportamento defecatório. Pode ainda ser iatrogênica pelo  uso prolongado e exagerado de laxantes, anti-inflamatórios não esteroides, psicotrópicos, anticolinérgicos, dopaminérgicos, dentre outros.

O diagnóstico baseia-se em detalhada anamnese e exame físico.  Clinicamente a constipação intestinal é definida pelos critérios clínicos estabelecidos pelo Consenso de Roma IV, conforme quadro abaixo:

  • Esforço para defecar em mais de 25% das evacuações
  • Fezes endurecidas ou de cabrito em mais de 25% das evacuações  (Escala de  Bristol-ver abaixo)
  • Sensação de evacuação incompleta em mais de 25% das evacuações.
  • Sensação de obstrução ou bloqueio anorretal em mais de 25% das evacuações.
  • Necessidades de manobras para facilitar as evacuações em mais de 25% das evacuações.
  • Menos do que três evacuações por semana.
  • Fezes amolecidas raramente ocorrem sem o uso de laxativos.
  • Critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável com constipação.

Figura 1 – Escala de Bristol. Fonte: ANDRADE, 2021.

 

Exames complementares como de imagem (enema opaco, ultrassom e tomografia de abdome), colonoscopia e  exames laboratoriais (tireoide, chagas etc.) poderão ser solicitados.  Pacientes com ptose do cólon transverso têm maior risco de apresentarem constipação crônica.

 

Figura 2 – Enema opaco mostrando ptose do cólon transverso está indicada pela seta vermelha à direita, comparado ao exame com posicionamento adequado do cólon esquerdo com seta vermelha à esquerda.  Fonte: ANDRADE et al, 2014.

 

 

O tratamento da obstipação visa a normalização da motilidade gastrointestinal com regularização do hábito intestinal e consequente alívio dos sintomas. O tratamento deve ser individualizado, considerando, inicialmente, orientações comportamentais, incluindo maior ingestão de fibras, redução de industrializados, aumentar ingestão hídrica e  praticar exercícios físicos. Em casos onde não houver melhora com estas mudanças comportamentais, intervenções farmacológicas ou terapias complementares, como a osteopatia, podem ser indicadas. Em casos excepcionais e graves, o tratamento cirúrgico é indicado.

 

Osteopatia na Constipação Intestinal

O tratamento osteopático têm sido aplicado na constipação crônica,  tendo como objetivo a melhora do funcionamento do intestino, atuando no tônus do músculo liso e na mobilidade visceral.  

A estimulação simpática e parassimpática apresenta efeitos opostos sobre o trato gastrointestinal, a parassimpática aumenta a atividade gastrointestinal, estimulando o aumento do tônus muscular e do peristaltismo e a diminuição do tônus dos esfíncteres gastrintestinais. Por outro lado, a estimulação simpática diminui a atividade gastrointestinal, inibindo o peristaltismo, reduzindo o tônus da parede intestinal e, ao mesmo tempo, provocando a contração dos esfíncteres. 

Na constipação intestinal manobras viscerais proporcionam alteração da pressão intra-abdominal,  aumento do peristaltismo intestinal com redução do tempo de trânsito colônico, aumento da microcirculação local, mobilização dos gases, proporcionando a sua eliminação, além do estímulo de mobilização do bolo fecal ao longo do intestino grosso, facilitando assim a evacuação.

A osteopatia surge como tratamento complementar para a constipação intestinal, melhorando o tempo de trânsito colônico, a motilidade intestinal e a qualidade de vida dos pacientes, ao levar a melhora dos sintomas.

 

Referências

ANDRADE, V.L.A. Efetividade da osteopatia na constipação refratária por ptose do cólon transverso. Disponível em: <https://nuvemmedicina.com.br/efetividade-da-osteopatia-na-constipacao-refrataria-por-ptose-do-colon-transverso/>.  Acesso em: novembro, 2021.

ANDRADE, V.L.A. et al.  Avaliação topográfica do cólon transverso pelo enema opaco: definição, prevalência e proposta de classificação da ptose do cólon transverso.  GED gastroenterol. endosc. dig , n. 33, v. 3, p. 83-87, 2014.

ANDRADE, V.L.A. et al. Efetividade do tratamento osteopático na constipação intestinal: uma revisão sistemática.  GED gastroenterol. endosc. dig ; n. 36, v, 2, p. 68-74, Abr.-Jun, 2017.

 

Deseja saber mais sobre o assunto, ter acesso às referências? Acesse o link https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-876764 

 

 


Vera Lucia Angelo Andrade

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989 • Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek • Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia • Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Mestre e Doutora em Ciências com concentração em Patologia pela UFMG • Professora convidada do curso de pós graduação em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo e da Escola Brasileira de Osteopatia Belo Horizonte, Minas Gerais • Responsável pelo Setor de Motilidade da Clínica NUVEM BH  http://lattes.cnpq.br/0589625731703512

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